terça-feira, 5 de outubro de 2010

HOJE COMEMORA-SE A IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA

E muito bem. Consequentemente enaltece-se, também, os ideais republicanos. Este blog é um blog republicano, elaborado por republicanos, e como tal cultiva e incentiva o espírito e a acção republicana. Sempre cívico e, sempre, em prol da res publica. O blog congratula-se com as comemorações e com as exaltações. Todavia, uma análise da história objectiva e isenta, uma avaliação madura dos tempos hodiernos e o bom senso leva-nos a chamar a atenção para o facto de que os encómios à República, se não forem ponderados com os erros de muitos republicanos, podem ter um efeito contraproducente para com os ideais republicanos junto da população. Este ano não é um bom ano para os portugueses nem para Portugal. Estar-se neste momento a louvar a república em que republicanos não sabem, por inépcia ou qualquer outra razão, conduzir bem a coisa pública, sem se explicar, e muito bem, aos cidadãos a diferença que existe entre o ideário republicano e republicanos impreparados para bem conduzir o país, pode ser desastroso. Não poderíamos deixar, aqui, de chamar a atenção para o perigo, que há, em se desacreditar a república. O bom senso obriga-nos a este reparo, bem como o interesse da res publica.
Este post reforça o anterior pela premência dos factos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

OS PANEGÍRICOS À REPÚBLICA, NO SEU CENTENÁRIO, SEM APONTAR OS ERROS E CULPADOS, SÃO ALGO QUE NÃO É BOM PARA A DEMOCRACIA NEM ABONA OS MÉRITOS DA REPÚB

Têm aparecido muitos textos laudatórios da República. Alguns, muito interessantes, outros, muitos, meros panegíricos. Mas só isto não cativa a atenção dos cidadãos. Não passam de discursos em circuito fechado, meros exercícios de exibicionismo na arte de bem agradar.
Comemora-se o centenário da implantação da República em Portugal, e não se está a comemorar a República. Isto deve ser bem explícito. Cem anos já é bastante tempo para se poder aquilatar da bondade da actuação das três repúblicas. E logo este ano do centenário não é nada propício a se escamotear as asneiras, burrices, corrupções e incompetências com que as três repúblicas brindaram o povo português. Branquear isto corrompe os alicerces da democracia, fazendo perigar a sua existência. Ocultar isto não abona nada os méritos da República, iludindo, assim, os cidadãos que começam a confundir a República com os desmandos e corrupções dos que se intitulam republicanos, como se podiam intitular qualquer coisa, desde que tirassem vantagem para si e conseguissem sacar dinheiro ao erário público para proveito próprio. Quando se exaltam os méritos da República deve-se pugnar pela integridade dos mesmos, de forma a blindá-los contra os maus juízos que os maus exemplos têm gerado. Portugal, com uma população ignara e pouco propícia a escutar discursos e lengalengas, mesmo através da TV, precisa de bons republicanos, e não de republicanos agarrados à manutenção no poder do seu clube de amigos, com o intuito de usufruírem de privilégios, defraudando a integridade da República, os cidadãos, a verdade e o futuro. Esta terceira república é bem exemplo destes republicanos fraudulentos. Se se pretende salvar a república, é então hora de se discursar com verdade, frontalidade e integridade. Caso contrário o exercício de agradar irá desagradar a muitos desiludidos com a república.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A DEBILIDADE DA DEMOCRACIA

Os últimos 50 anos têm demonstrado que a democracia é um sistema muito frágil. Porque permite que o seu âmago, em nome dos seus próprios princípios, seja controlado pelo crime organizado. A democracia, na sua raiz, significa o poder do povo. Na prática o povo é de onde emana a sede do poder, que é delegado nalguns representantes, que deveriam ser eleitos pelo povo, e que exercem o poder em nome desse mesmo povo. Seria perfeito porque se escolheriam os melhores, os mais competentes e dignos para exercer essa delegação. Mas a fragilidade da democracia, qual bug informático, permite que organizações criminosas, pessoas com ausência de escrúpulos, e demais escroques, tomem o poder, pervertendo toda a eficácia da democracia. Como é óbvio estas democracias prejudicam, e muito, as populações. Roubam-lhes o bem estar e a esperança. E abrem o caminho para as ditaduras, que são a única via possível para derrubar o crime organizado instalado nos aparelhos de estado democráticos, quando as populações não têm capacidade para se debelarem, nem já forças anímicas para o fazerem. A história está cheia de exemplos. As pessoas é que estão muito alheadas do seu estudo. Ou imbecilizadas pelos aparelhos de estado e pelo individualismo consumista. Não há almoços grátis. Tudo tem um preço. Julgo que muitos democratas andam a consumir a democracia sem avaliarem os custos, e sem terem a noção de que vão ter que pagar o preço imposto, depois do produto servido, porque não tiveram a coragem, nem o discernimento, de previamente regatear o custo

sexta-feira, 5 de março de 2010

O PERIGO DA HISTÓRIA ÚNICA

As nossas vidas, as nossas culturas, são compostas por muitas histórias sobrepostas. A romancista Chimamanda Adichie conta a história de como descobriu a sua voz cultural - e adverte que se ouvirmos apenas uma história sobre outra pessoa ou país, arriscamos um desentendimento crítico. Aqui.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

ELITES ESCLARECIDAS

É uma constatação geral que as sociedades precisam de lideranças. A nível de aldeia, de tribo ou de país sempre tem de haver quem tome decisões no interesse do bem comum. Um chefe, um líder, enfim alguém que tome a dianteira da condução. Mas as suas decisões têm de ser claras, precisas e fundamentadas no conhecimento de causa. Ou seja, decisões esclarecidas. Para tal sempre existiram elites esclarecidas para aconselharem os decisores. O conselho de anciãos foi, durante milénios, muito eficaz.
Fernando Pessoa refere-se à falta de elites em Portugal, dizendo que as elites terão ido com as caravelas pelo Atlântico afora. Mas nota-se hoje que as populações em Portugal, e não só, estão a ficar sensíveis à falta de elites, de lideranças esclarecidas. Já não há o conjunto de sábios que aconselhem os decisores. Também já se sente a falta de decisores com maturidade para serem aconselhados. O “conselho de anciãos” já não tem destaque. Que confiança se têm hoje nas decisões que afectam o interesse público, o interesse comum a todos os cidadãos? As populações estão cépticas. Desmoralizadas e sem resiliência. O que desmotiva a juventude, desnorteada pela ausência, ou desvirtuamento, de valores e de metas. Uma juventude frustrada por ver que a valorização pelo estudo é desconsiderada pelo mérito dado à mediocridade. Esta frase de Carl Sagan está-se a tornar numa profecia: MAIS CEDO OU MAIS TARDE, ESTA MISTURA EXPLOSIVA DE PODER E IGNORÂNCIA VAI REBENTAR-NOS NA CARA. A falta de elites consubstancia essa mistura. Depois do rebentamento não haverá lugar a resiliência.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A LIBERDADE DE VOTO PARLAMENTAR

O uso da expressão liberdade de voto, usada no panorama parlamentar é, em si mesmo, a admissão da existência da falta de liberdade dos deputados. Num regime democrático, e livre, nunca se poria. Um deputado eleito directamente pelo povo seria, sempre, uma pessoa livre, que expressaria as suas opiniões livremente, de acordo com a sua consciência e integridade. E sempre na defesa dos interesses que se tinha proposto defender, quando se tinha candidatado, honrando sempre o compromisso assumido. E votaria no parlamento em consonância com esse compromisso.
Ora quando se usa a expressão de liberdade de voto, com a condicionante de dar ou não dar, afirma-se que os deputados não são livres. Que obedecem a uma estrutura partidária que os nomeia para as listas. E esses mesmos deputados, ao não contrariarem essa obediência, nem a contestarem, assumem que são escravos e não honram os compromissos para com os eleitores. Assim os deputados não votam, pois são meros executores de um voto único determinado pelo directório partidário. De que eles dependem, porque não são livres. Porque se fossem mulheres ou homens livres, não eram dependentes. Quem depende nunca pode manter a integridade intacta. Tem de a sacrificar para garantir manter-se na dependência.
Ora num quadro destes, em que o voto parlamentar não é livre, também não há democracia. É uma falácia falar em democracia em países onde os deputados não têm liberdade de voto. Falar em democracia num quadro destes é um exercício de ilusão, tentando que os espectadores, quanto mais olharem, menos vêem. Estes regimes, onde não há liberdade de voto parlamentar, não passam de ditaduras travestidas de democracia. Apenas isso. São sempre ditaduras de um grupo, que constitui o directório do clube, que alcançou o poder.
Os povos que se submetem a estes mestres da ilusão são, a um tempo, vítimas e carrascos.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

UM GRUPO DE AMIGOS COM PREOCUPAÇÕES CIVICAS

É a razão deste blog, que estes amigos intitularam " OS AMIGOS DE ANTERO". Começou com amigos, a que se irão juntar mais amigos. Intervenção cívica é o objectivo. O grupo é transversal a ideologias e a partidos. Só a coisa e a causa pública os move. A reflexão sobre a cidadania é a sua actuação. A acção será através deste blog, inicialmente, e, depois, com outras acções que os amigos decidam oportunas e profícuas.
AMIGOS DE ANTERO, não só como preito a esse ilustre vulto de reflexão sobre a coisa e a causa pública, mas também como inspiração. Que a Luz ilumine as nossas reflexões.