quinta-feira, 22 de julho de 2010

OS PANEGÍRICOS À REPÚBLICA, NO SEU CENTENÁRIO, SEM APONTAR OS ERROS E CULPADOS, SÃO ALGO QUE NÃO É BOM PARA A DEMOCRACIA NEM ABONA OS MÉRITOS DA REPÚB

Têm aparecido muitos textos laudatórios da República. Alguns, muito interessantes, outros, muitos, meros panegíricos. Mas só isto não cativa a atenção dos cidadãos. Não passam de discursos em circuito fechado, meros exercícios de exibicionismo na arte de bem agradar.
Comemora-se o centenário da implantação da República em Portugal, e não se está a comemorar a República. Isto deve ser bem explícito. Cem anos já é bastante tempo para se poder aquilatar da bondade da actuação das três repúblicas. E logo este ano do centenário não é nada propício a se escamotear as asneiras, burrices, corrupções e incompetências com que as três repúblicas brindaram o povo português. Branquear isto corrompe os alicerces da democracia, fazendo perigar a sua existência. Ocultar isto não abona nada os méritos da República, iludindo, assim, os cidadãos que começam a confundir a República com os desmandos e corrupções dos que se intitulam republicanos, como se podiam intitular qualquer coisa, desde que tirassem vantagem para si e conseguissem sacar dinheiro ao erário público para proveito próprio. Quando se exaltam os méritos da República deve-se pugnar pela integridade dos mesmos, de forma a blindá-los contra os maus juízos que os maus exemplos têm gerado. Portugal, com uma população ignara e pouco propícia a escutar discursos e lengalengas, mesmo através da TV, precisa de bons republicanos, e não de republicanos agarrados à manutenção no poder do seu clube de amigos, com o intuito de usufruírem de privilégios, defraudando a integridade da República, os cidadãos, a verdade e o futuro. Esta terceira república é bem exemplo destes republicanos fraudulentos. Se se pretende salvar a república, é então hora de se discursar com verdade, frontalidade e integridade. Caso contrário o exercício de agradar irá desagradar a muitos desiludidos com a república.

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