domingo, 28 de fevereiro de 2010

ELITES ESCLARECIDAS

É uma constatação geral que as sociedades precisam de lideranças. A nível de aldeia, de tribo ou de país sempre tem de haver quem tome decisões no interesse do bem comum. Um chefe, um líder, enfim alguém que tome a dianteira da condução. Mas as suas decisões têm de ser claras, precisas e fundamentadas no conhecimento de causa. Ou seja, decisões esclarecidas. Para tal sempre existiram elites esclarecidas para aconselharem os decisores. O conselho de anciãos foi, durante milénios, muito eficaz.
Fernando Pessoa refere-se à falta de elites em Portugal, dizendo que as elites terão ido com as caravelas pelo Atlântico afora. Mas nota-se hoje que as populações em Portugal, e não só, estão a ficar sensíveis à falta de elites, de lideranças esclarecidas. Já não há o conjunto de sábios que aconselhem os decisores. Também já se sente a falta de decisores com maturidade para serem aconselhados. O “conselho de anciãos” já não tem destaque. Que confiança se têm hoje nas decisões que afectam o interesse público, o interesse comum a todos os cidadãos? As populações estão cépticas. Desmoralizadas e sem resiliência. O que desmotiva a juventude, desnorteada pela ausência, ou desvirtuamento, de valores e de metas. Uma juventude frustrada por ver que a valorização pelo estudo é desconsiderada pelo mérito dado à mediocridade. Esta frase de Carl Sagan está-se a tornar numa profecia: MAIS CEDO OU MAIS TARDE, ESTA MISTURA EXPLOSIVA DE PODER E IGNORÂNCIA VAI REBENTAR-NOS NA CARA. A falta de elites consubstancia essa mistura. Depois do rebentamento não haverá lugar a resiliência.

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